Diariamente nossos lares e mentes são
invadidos por imagens de ódio, vingança, inveja. São cenas grotescas do cenário
de muitas prisões, residências e estabelecimentos comerciais. São os graves problemas,
onde se percebe uma minúscula quase nula liberdade do cidadão. Mas, onde estão
as verdadeiras prisões? Não é difícil localizá-las. Não raramente elas se
encontram dentro de nós mesmos. No interior de cada um de nós está a mais
insofismável tranca. Pois, atentemos para alguns fatos. A quem passa por nós no
cotidiano dizemos bom dia, boa tarde, e este corresponde [...].
Hoje e amanhã tomaremos a mesma atitude
durante o nosso itinerário do dia a dia. Será que continuaremos com a mesma
solidariedade? Será que continuaremos da mesma forma, sendo ignorado? Quase sempre,
sim! Mas, se incomodando com essas pequenas falhas humanas, estaremos ignorando
um cenário muito mais importante que nos é fornecido gratuitamente; que é o
brilho do Sol da manhã e tarde e o panorama noturno com as brilhantes estrelas
e o luar que nos traz vida e solidariza conosco e com outrem sem se importar
com nenhum retorno da nossa parte. É a natureza que se torna presente em nossa
vida, sem nada nos cobrar. Quando nossos olhos se encontrarem nas ruas, nas
paradas dos semáforos ou sob os viadutos e calçadas e nos apresentam alguns dos
nossos irmãozinhos humildes e maltrapilhos que
às vezes se transformam em malabaristas nos
distraindo, com a sua arte, nas esquinas enquanto fecha o sinal. Será que seremos
capazes de entender que esses irmãozinhos nossos foram esquecidos pela
sociedade civil organizada e, que por essa razão estes se tornaram malabaristas
da vida para buscar a sobrevivência neste mundo tão desigual? Será que ao invés
de um comportamento displicente e de desdém a esses irmãozinhos, poderíamos dispensar
um minuto do nosso tempo, sorrindo para eles, agradecendo e elogiando a sua
arte, mesmo que não possamos lhes gratificar por nos apresentar a sua arte?
Temos que ser mais solidário nesses momentos ímpares do caleidoscópio da vida.
Temos que entender que somos, igualmente a eles, gente. A diferença entre esses
pobres abandonados e nós, é que eles são os encarcerados pela política do
abandono, submetidos a uma vida degradante; e nós vivemos sob grades
carcerárias da ‘liberdade‘, do luxo, da arrogância em nossos veículos
importados e mansões luxuosas que são erguidas em forma de sentimentos
negativos, atitudes autodepreciativas e vícios. Somos acorrentados em nossa
soberba de residências luxuosas, enjaulados por enormes muros, grades e cercas
elétricas. Este é o resultado da ganância da elite que concentra rendas sem se
importar com os nossos famintos irmãozinhos que estão trancafiados pelo
abandono. Portanto, nós somos responsáveis pela nossa liberdade, como também
pela nossa privação. Há carência de afeto, de solidariedade a outrem. Há muito
ódio, discriminação, muita incompreensão entre as pessoas, no lar, no trânsito
e até nas escolas. Pessoas são assassinadas, esquartejadas, queimadas, ainda
vivas, por maridos, esposas, filhos (as) e até pais. Quem armazena ódio no
coração e permite-se, ao longo da vida, a companhia do ressentimento, esta
construindo muros dentro de si mesmo; na verdade muralhas. Não existe
penitenciária mais hermética do que o coração humano que não ama o próximo.
Hoje os grandes carrascos da liberdade se encontram dentro da própria casa. Quanto
custa a liberdade? Ela não tem preço. Onde encontra-la? Sempre na verdade do
coração que ama e perdoa; e, principalmente, no reencontro com Deus, fonte
maior de todo amor e da plena libertação.
JOÃO DA COSTA VITAL É CONTADOR, PEDAGOGO,
JORNALISTA E ANALISTA POLÍTICO. ESCREVE ÀS QUARTAS-FEIRAS EM A GAZETA. E-MAIL: VITALJOAO@POP.COM.BR
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