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quarta-feira, 4 de julho de 2012

VIDAS TRANCAFIADAS



Diariamente nossos lares e mentes são invadidos por imagens de ódio, vingança, inveja. São cenas grotescas do cenário de muitas prisões, residências e estabelecimentos comerciais. São os graves problemas, onde se percebe uma minúscula quase nula liberdade do cidadão. Mas, onde estão as verdadeiras prisões? Não é difícil localizá-las. Não raramente elas se encontram dentro de nós mesmos. No interior de cada um de nós está a mais insofismável tranca. Pois, atentemos para alguns fatos. A quem passa por nós no cotidiano dizemos bom dia, boa tarde, e este corresponde [...].
Hoje e amanhã tomaremos a mesma atitude durante o nosso itinerário do dia a dia. Será que continuaremos com a mesma solidariedade? Será que continuaremos da mesma forma, sendo ignorado? Quase sempre, sim! Mas, se incomodando com essas pequenas falhas humanas, estaremos ignorando um cenário muito mais importante que nos é fornecido gratuitamente; que é o brilho do Sol da manhã e tarde e o panorama noturno com as brilhantes estrelas e o luar que nos traz vida e solidariza conosco e com outrem sem se importar com nenhum retorno da nossa parte. É a natureza que se torna presente em nossa vida, sem nada nos cobrar. Quando nossos olhos se encontrarem nas ruas, nas paradas dos semáforos ou sob os viadutos e calçadas e nos apresentam alguns dos nossos irmãozinhos humildes e maltrapilhos que
às vezes se transformam em malabaristas nos distraindo, com a sua arte, nas esquinas enquanto fecha o sinal. Será que seremos capazes de entender que esses irmãozinhos nossos foram esquecidos pela sociedade civil organizada e, que por essa razão estes se tornaram malabaristas da vida para buscar a sobrevivência neste mundo tão desigual? Será que ao invés de um comportamento displicente e de desdém a esses irmãozinhos, poderíamos dispensar um minuto do nosso tempo, sorrindo para eles, agradecendo e elogiando a sua arte, mesmo que não possamos lhes gratificar por nos apresentar a sua arte? Temos que ser mais solidário nesses momentos ímpares do caleidoscópio da vida. Temos que entender que somos, igualmente a eles, gente. A diferença entre esses pobres abandonados e nós, é que eles são os encarcerados pela política do abandono, submetidos a uma vida degradante; e nós vivemos sob grades carcerárias da ‘liberdade‘, do luxo, da arrogância em nossos veículos importados e mansões luxuosas que são erguidas em forma de sentimentos negativos, atitudes autodepreciativas e vícios. Somos acorrentados em nossa soberba de residências luxuosas, enjaulados por enormes muros, grades e cercas elétricas. Este é o resultado da ganância da elite que concentra rendas sem se importar com os nossos famintos irmãozinhos que estão trancafiados pelo abandono. Portanto, nós somos responsáveis pela nossa liberdade, como também pela nossa privação. Há carência de afeto, de solidariedade a outrem. Há muito ódio, discriminação, muita incompreensão entre as pessoas, no lar, no trânsito e até nas escolas. Pessoas são assassinadas, esquartejadas, queimadas, ainda vivas, por maridos, esposas, filhos (as) e até pais. Quem armazena ódio no coração e permite-se, ao longo da vida, a companhia do ressentimento, esta construindo muros dentro de si mesmo; na verdade muralhas. Não existe penitenciária mais hermética do que o coração humano que não ama o próximo. Hoje os grandes carrascos da liberdade se encontram dentro da própria casa. Quanto custa a liberdade? Ela não tem preço. Onde encontra-la? Sempre na verdade do coração que ama e perdoa; e, principalmente, no reencontro com Deus, fonte maior de todo amor e da plena libertação.

JOÃO DA COSTA VITAL É CONTADOR, PEDAGOGO, JORNALISTA E ANALISTA POLÍTICO. ESCREVE ÀS QUARTAS-FEIRAS EM A GAZETA. E-MAIL: VITALJOAO@POP.COM.BR

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